domingo, 20 de julho de 2014

Oito possíveis manchetes sobre a pesquisa Datafolha que você não vê na mídia

Najla Passos

Encomendada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S. Paulo, a última pesquisa do Instituto Datafolha sobre a sucessão presidencial, divulgada na noite de quinta (17), mostra um cenário eleitoral cada vez mais polarizado, mas ainda indefinido o suficiente para que não seja possível afirmar, com certeza, nem mesmo se haverá 2º turno.

Portanto, o destaque para o empate técnico entre a presidenta Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) eventual prorrogação, calcado em uma diferença de 4%, soa, no mínimo, como uma escolha bastante “singular” entre tantas outras possíveis. Confira oito outras manchetes que esses veículos poderiam ter optado por usar, sem desrespeitar nenhuma das normas do bom jornalismo!

1 – Dilma tem mesmo percentual de votos que todos os seus 10 adversários somados

Se as eleições fossem hoje, todos os dez adversários da presidenta Dilma Rousseff (PT), somados, conquistariam o mesmo percentual de votos do que ela, sozinha: 36%. Aécio Neves (PSDB) tem 20%. Eduardo Campos (PSB), 8%. O pastor Everaldo Pereira (PSC), 3%. José Maria (PSTU), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Rui Costa Pimenta (PCO), e Eymael (PSDC), 1% cada. Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB), não atingiram nem 1%. A margem de erro da pesquisa é de 2%, para mais ou para menos.

2 – Eleição pode ser definida no 1º turno

Ao noticiar a nova pesquisa Datafolha, a Folha de S. Paulo destaca que Dilma mantém a liderança, mas empata com Aécio no 2º turno. De fato, a pesquisa mostra que, na prorrogação, a presidenta venceria o senador por margem de voto considerada dentro da margem técnica: 44% a 40%. Mas, de acordo com o próprio Instituto, ainda não é possível saber sequer se haverá 2º turno. Na estimulada, os indecisos são 14%, número suficiente para eleger Dilma no primeiro tempo, caso se convençam que ela é a melhor candidata. Na espontânea, o peso dos indecisos é ainda maior: são 54%, contra os 22% que votariam em Dilma, os 9% que preferem Aécio e os 2% que optam por Campos.

3 – No 2º turno, Dilma pode vencer Aécio por margem de 8%

Na simulação de 2º turno entre Dilma e Aécio, como já foi dito, ela fica com 44% das intenções de voto e ele com 40%. Considerando os 2% da margem de erro para menos, no caso dela, e para mais, no caso dele, ambos estão empatados. Mas e se for considerado o contrário: os 2% para mais, no caso dela, e para menos, no caso dele? Dilma, então, venceria com 8 pontos percentuais de diferença.

4 - Pesquisa desconsidera o “fator Lula”, que agrega, e o “fator FHC”, que prejudica

Em pesquisa realizada em junho, o mesmo Datafolha apurou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o principal cabo eleitoral do país: 36% dos eleitores votariam “com certeza” em um candidato apoiado por ele, enquanto 24% talvez votassem. No extremo oposto está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: 57% dos eleitores afirmaram que não votariam “de jeito nenhum” em um candidato apoiado por ele. Estrategicamente ou não, nesta última pesquisa encomendada pelos dois veículos, o Datafolha esqueceu de apurar a influencia dos dois ex-presidentes na eleição.

5 - Início do horário eleitoral gratuito tende a favorecer candidatura de Dilma

De maio para cá, Dilma e Aécio vem se mantendo estável nas pesquisas, como comprova a série histórica. Só que ele conta com o apoio da mídia, enquanto ela, ao contrário, está sob ataque permanente. Com o início do horário eleitoral gratuito, no mês que vem, Dilma passará a ter acesso ao público que, até agora, só escuta notícias negativas contra ela no rádio e, principalmente, na televisão. Portanto, a tendência é de crescimento da sua candidatura.

6 - Eleitores que avaliam o governo Dilma como regular podem decidir a eleição

Na pesquisa espontânea, 62% dos eleitores que consideram o governo Dilma regular ainda não sabem em quem votar. Sobre eles, é relevante considerar que as mulheres estão muito mais indecisas do que os homens, que há mais indecisos no Sul do que em outras regiões do país e, principalmente, que há mais indecisos na base potencial de Dilma: entre os mais pobres e os que só cursaram o ensino fundamental. Na estimulada, considerando o mesmo grupo, apenas 30% declararam ter a intenção de votar nela. Percentual parecido, 31%, diz que não votam na presidenta de jeito nenhum. Portanto, sobram expressivos 39% para terem seus votos conquistados pelos candidatos! Na simulação de 2º turno, 43% votariam em Aécio e 40%, na presidenta, mais um empate técnico pelos critérios do Datafolha.

7 – Pesquisa Datafolha mostra que Copa e política não se misturam

Apesar do empenho da oposição e da mídia, o péssimo desempenho da seleção brasileira em campo não influenciou a sucessão presidencial, ainda que o eleitor possa ter uma percepção diferente sobre o assunto. Considerada a margem técnica de 2%, todos os candidatos mantém o mesmo percentual de intenção de votos registrado na pesquisa anterior, realizada no início de julho. Dilma Rousseff (PT) variou de 38% para 36%, Aécio Neves (PSDB) manteve seus 20% e Eduardo Campos (PSB) oscilou de 9% para 8%. A pergunta veiculada pela revista Veja da última semana está respondida.

8 - Vaias contra Dilma na Copa refletem insatisfação localizada

O Brasil possui cinco regiões. Mas, das seis cidades-sedes da Copa, três estavam localizadas naquela em que a presidenta é menos popular: o sudeste. Não por acaso, foi sempre no sudeste que parcela da torcida se manifestou contrária à presidenta: Itaquerão (SP), Mineirão (MG) e Maracanã (RJ). Em números do Datafolha, 28% dos eleitores do sudeste preferem Dilma, enquanto 27%, Aécio e 6%, Campos. No restante do país, a situação é diversa. O extremo oposto é o nordeste, onde 49% dos eleitores têm a intenção de votar em Dilma, 12% em Campos e 10% em Aécio.

                     fonte:SQN

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