quinta-feira, 14 de março de 2013

Papa Francisco teve parte do pulmão removida anos atrás


Segundo médicos e especialistas, condição não impede pontífice recém-eleito de realizar suas atividades normalmente e nem diminui sua expectativa de vida


novo papa tem grandes desafios a enfrentar durante o seu pontificado, que vão desde os escândalos de abuso sexual envolvendo clérigos até a necessidade em atrair mais fiéis à Igreja Católica. E o papa Francisco , aos 76 anos de idade, terá que encarar tudo isso com apenas um de seus pulmões intacto.
O pontífice argentino foi submetido a uma cirurgia quando jovem para retirar "uma boa parte" de um dos seus pulmões em decorrência de uma infecção, segundo informou o autor de sua biografia autorizada Sergio Rubin. "Ele sente isso atualmente", disse Rubin. "Ficou um pouco mais lento por causa disso, mas está bem."

Reuters
Batina do papa recém-eleito Francisco voa com o vento na porta da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma

Médicos afirmam que perder parte de um pulmão não necessariamente compromete a saúde do papa ou reduz sua expectativa de vida, embora signifique que ele não possa se submeter a exercícios muito cansativos, uma vez que não tem a capacidade respiratória igual a das pessoas que possuem os dois pulmões intactos.
"Ele provavelmente não seria capaz de fazer uma maratona, mas eu não acredito que isso esteja entre suas atividades", disse Peter Openshaw, diretor do Centro de Infecção Respiratória da Universidade Imperial de Londres. "Ter um pulmão deveria ser suficiente uma vez que ele não tem nenhuma outra doença respiratória."
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Inicialmente, foi informado que Francisco havia perdido seu pulmão inteiro, mas o Vaticano afirmou nesta quinta-feira (14) que ele perdeu somente parte de um deles. A Santa Sé não forneceu mais detalhes.

AP
Papa Francisco deixa a Basílica de Santa Maria em roma após fazer uma oração pela manhã (14/03)

Openshaw disse que o pulmão sadio de Francisco pode ter, provavelmente, se expandido para preencher o espaço deixado após a cirurgia, e sua caixa toráxica pode ter reduzido de tamanho. Seu diafragma também pode ter se instalado um pouco mais para cima que o normal. Mas, segundo o médico, nenhuma dessas mudanças afetaria as atividades normais do papa.
O médico acrescentou que o pulmão sadio de Francisco é capaz de compensar o pulmão parcial, assim como partes do cérebro acumulam funções de outras regiões que tenham sido afetadas de alguma forma. "O outro pulmão pode ter adquirido capacidade mas haverá limitações", completou, comparando a condição de Francisco a um motor de carro que não consegue atingir alta velocidade. "Você pode não conseguir acelerá-lo, mas ele ainda funciona bem."
Especialistas afirmam que hoje em dia seria raro remover parte do pulmão. Antibióticos conseguem tratar a maioria das infecções pulmonares, incluindo tuberculose, e a perda do órgão só é mais comum em casos de câncer de pulmão em estágio avançado. Entretanto, na época em que Francisco teve parte de seu pulmão removido, os antibióticos disponíveis não eram tão poderosos.
"No passado, médicos costumavam tentar todos os tipos de técnicas estranhas para tratar infecções pulmonares", disse a médica Jennifer Quint, especialista em doenças respiratórias da Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical. Ela afirmou que físicos costumavam colocar bolas de tênis de mesa dentro dos pulmões na tentativa de impedir a entrada de oxigênio para matar as bactérias.
Jennifer disse que o fato de Francisco aparentar boa forma e saúde aos 76 anos pode ser um bom presságio para o futuro. Segundo ela, o maior desafio de Francisco é manter o seu pulmão intacto sempre saudável. "Eu recomendaria uma vacinação anual contra a gripe e uma ocasional vacina contra pneumonia para evitar infecções."
Veja imagens do papa Francisco:
Papa Francisco coloca suas vestes de papa após anúncio de seu nome na varanda da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 13 de março de 2013. Foto: AP
Cardeal argentino Jorge Bergoglio fala com fiéis do lado de fora da Igreja de San Cayetano em Buenos Aires em 7 de agosto de 2009. Foto: AP
Cardeal argentino Jorge Bergoglio realiza missa do lado de fora da Igreja San Caetano em Buenos Aires em 7 de agosto de 2009. Foto: AP
Então papa Bento 16 aperta as mãos do arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio em 13 de janeiro de 2007. Foto: AP

Cardeal argentino Jorge Bergoglio celebra missa em honra ao papa João Paulo 2º na Catedral de Buenos Aires, em 4 de abril de 2005. Foto: AP
Foto dos anos 1950 mostra Jorge Mario Bergoglio, direita, posa com colegas de escola preparatória em Buenos Aires, Argentina. Foto: AP
eremy Ward, professor de fisiologia respiratória no King's College de Londres, disse que a única preocupação é ele pegar alguma doença. "Se ele pegar algum tipo de infecção, seria mais problemática para ele do que para uma pessoa que possui os dois pulmões. Isso faz dele mais suscetível a pneumonia, que seria muito perigoso", disse, acrescentando que o papa demoraria mais para se recuperar nesses casos.
Ainda assim, Ward acredita que Francisco não precisa tomar nenhuma medida não usual para evitar ficar doente. "Infelizmente, quando você fica mais velho, nada funciona como deveria", disse. "Ele terá que lidar com isso, assim como todo mundo."

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